Em 1917, na esquina das ruas Albuquerque Lins e Barra Funda, uma nova casa de espetáculos passou a fazer parte do cenário paulistano: o Theatro São Pedro. O edifício, em estilo neoclássico, era luxuoso e confortável, oferecendo 28 amplas frisas (espécie de camarote), 28 camarotes, platéia com 800 lugares e uma geral para quase mil pessoas, além de quatro filas de balcões, vizinhos aos camarotes, com 100 cadeiras. Um local apropriado para uma grande metrópole do início do século XX, e ponto de encontro dos moradores dos bairros Barra Funda, Campos Elíseos, Perdizes, Santa Cecília e Higienópolis.
Seu idealizador foi Manuel Ferreira Lopes, um jovem português que fêz fortuna com casas de espetáculos em São Paulo e Rio de Janeiro. O projeto foi desenvolvido pelo italiano Augusto Bernardelli Marchesini, e quem se encarregou da obra foi um colaborador de Ramos de Azevedo, o engenheiro brasileiro Antonio Alves Villares da Silva.
A partir dos anos 20, o Theatro São Pedro passou a funcionar predominantemente como cinema. Era freqüentado por moradores da região, e assim chegou até a década de 60.
Em 1968, o Theatro passa a ser administrado por Beatriz e Maurício Segall e, nesse período, se inicia a fase gloriosa do teatro. Assim, pouco mais de meio século depois de sua inauguração, as cortinas do São Pedro voltaram a se abrir. Para o início das atividades, a platéia e balcão ofereciam lugares para 700 espectadores e a acústica era um aspecto merecedor de destaque.
Entre 1968 e 1981, foram montados inúmeros espetáculos de grande relevância para a história dos palcos nacionais. Ocorreu, por exemplo, a apresentação memorável de 'Morte e Vida Severina', de autoria de João Cabral de Melo Neto, com música de Chico Buarque de Holanda e direção de Silnei Siqueira, com Paulo Autran, Carlos Miranda e grande elenco.
Em 1973 , o teatro foi sublocado à Secretaria de Estado da Cultura como sede da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, sob a regência do renomado Maestro Eleazar de Carvalho. O estúdio continuava abrigando montagens teatrais ainda liderados por Maurício e Beatriz Segall e continuava a ser sublocado novamente para outros grupos até 1981, quando o prédio foi devolvido a seus proprietários, descendentes de Manoel Fernandes Lopes.
O processo de tombamento do Theatro São Pedro culminou em 1984, mas foi somente em 1987 que o teatro passou para a guarda e a responsabilidade da Secretaria de Estado da Cultura. Sua restauração foi finalizada em 1998, recuperando suas características arquitetônicas originais que resgatam a memória artística paulistana, se constituindo como um dos poucos referenciais da cultura do começo do Século XX que restam em São Paulo.
Em 2002, foi inaugurada num anexo do teatro a 'Sala Dinorá de Carvalho', homenagem à pianista e compositora que, em seus 85 anos de vida, se dedicou ao estudo, à criação e à divulgação da música brasileira. A sala foi idealizada para receber recitais e grupos de câmara e tem capacidade para 90 pessoas.